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segunda-feira, novembro 23, 2009

Distraught - Unnatural Display of Art

Thrash Metal puro e cheio de vida. Se é isso que anda procurando por aí e ainda não encontrou, sugiro que dê uma conferida em "Unnatural Display of Art", o quarto full length dos gaúchos do Distraught. Veteraníssimos na cena brasileira, já há praticamente duas décadas na estrada, mostram que sabem muito bem o que fazem, porque fazem, e como fazer o que fazem. Aos poucos a audição do disco irá te ajudar a elucidar a razão de estarem a tanto tempo em atividade. Tão logo perceberá que não se trata de uma banda qualquer. Do início ao fim ao álbum, praticamente não encontrará suavizações ou interlúdios à massacrante correnteza de riffs endiabrados, e portanto, simplesmente impossíveis de não serem notados. A presença das guitarras é tamanha, que, no bom sentido, se colocam em um plano mais imediato de percepção. Desse modo, a cooperação entre Marcos Machado e Ricardo Silveira não merece qualificações que não sejam positivas. Os dois integrantes formaram uma base concreta que possibilitou ao baixista Nelson Casagrande e ao baterista Éverson Krentz incorporarem ainda mais peso e dinâmica às músicas. As vocalizações de André Meyer são ainda mais engrandecedoras nesse sentido, pois este soube se situar muito bem, fazendo suas aparições apenas nos momentos mais oportunos, com a devida entonação e com um bom senso rítmico. Ou seja, não saiu simplesmente "vomitando" as letras à torto e à direita. Mas estes não são todos os pontos fortes deste álbum. A impecabilidade técnica na gravação, mixagem e masterização do disco, e a acertada ordem do tracklist, conferindo lógica à sequência do álbum, foram nada menos do que cruciais na garantia do ótimo trabalho em "Unnatural Display of Art". Um disco que cumpriu a sua proposta de criação (pequeno detalhe negligenciado hoje em dia!): apresentar a propagação da violência humana e suas facetas, de uma forma agressiva e impactante.

Nota: 8/10
Selo: Voice Music
Data de lançamento: ??/05/2009
Website: www.myspace.com/bandadistraught

Tracklist:
01. The End of Times
02. Reflection of Clarity
03. Cradle Violence
04. Hellucinations
05. Evil Portrait
06. Killing In Silence
07. Burial of Bones
08. Your God is Dead
09. Conquering Domain
10. Haunting The Enemy
11. Villains
12. Alchemy

sábado, novembro 21, 2009

Finitude - Never See My Fall

"Never See My Fall" é o mais atual registro dos sergipanos do Finitude. Precedido pelo single "Inside a Human's Head" (2007) e também pelo cd demo "Way Of Wisdom" (2006), o trabalho aqui analisado é o mais novo single da banda. Nele, demonstrou-se maturidade no processo de composição das canções, e ainda um notável apuro técnico no que concerne à gravação, feita em 3 estúdios diferentes: Capitania do Som (onde foram gravados bateria e vozes); VemdoSom (somente vozes); e no estúdio caseiro do guitarrista Luiz Gustavo (os demais instrumentos). Considerando um trabalho feito em Aracaju, uma cidade (bem como o estado a que pertence) com pouca visibilidade nacional (tampouco internacional) no meio da música pesada, poderia-se esperar que a qualidade final do material ficasse aquém do esperado. Contudo, essa falsa esperança não se confirmou. Outra ressalva no quesito técnico é a inclusão de um vídeo (com cerca de 20' de duração) retratando não apenas todo o processo de gravação, mas também a história da banda, além de conteúdo extra com diversas informações envolvendo o universo da Finitude. A arte gráfica mostra-se bastante eficiente na tradução para o âmbito visual do que é passado através do meio auditivo. Sendo assim, a faixa-título do single, e também a sua versão orquestral, além da acústica "Ruins To The Ground", transportam o ouvinte a uma espécie de viagem astral, devido às constantes nuances e melodias suaves, contrapostas por períodos marcados pelo peso típico de uma boa levada de Heavy Metal. O merecido destaque da imprensa especializada direcionado ao single aqui analisado, veio apenas reconhecer e promover o bom trabalho que o grupo realiza desde 2005. Assim, no que depender do empenho e dedicação destes sergipanos, you'll never see their fall.

Nota:
7/10
Selo: Independente
Data de lançamento: ??/??/2008
Website: www.myspace.com/finitudeonline /
www.finitude.com.br/

Tracklist:
01. Never See My Fall
02. Ruins To The Ground
03. Never See My Fall (Orchestral Version)

sexta-feira, novembro 20, 2009

Clearview - Love it or leave it

Somente agora, em 2009, finalmente (e felizmente) saiu o disco de estreia da banda paulistana Clearview, composta por integrantes com passagens pela cena local. Passados sete anos de seu surgimento, esse quinteto consegue presentear o público sedento por Hardcore legítimo, enérgico e até, digamos, saudosista, através de "Love it or leave it". Certa vez apresentei, sem qualquer descrição, o álbum a uma amiga, que tão logo comentou: "bom, pelo título, só pode ser de uma banda brasileira". Correto. O título do disco faz alusão a um famoso slogan utilizado como propaganda política do governo brasileiro que visava legitimar o regime militar que perdurou por mais de 20 anos no país. Contudo, do início ao fim da audição, o significado não parece ser esse. Tem-se a sensação de que se refere ao universo (e isso abrange desde a música em si, ao estilo de vida que se segue) do Hardcore, do verdadeiro Hardcore! Não por acaso, o clima do disco transmite uma áurea acolhedora, divertida. O álbum tem um espírito ao vivo tão forte, que basta fechar os olhos para sentir-se em uma apresentação da banda. O impecável trabalho da produção foi decisivo para que se conseguisse unir a precisão inerente às gravações com a vibração dos palcos. Gravado no estúdio Hardbase, mixado por Nick Jett em Los Angeles, e masterizado por Paul Miner também na Califórnia, "Love it or leave it" é tecnicamente... perfeito! Desde a sonoridade única das guitarras, passando pelo peso complementar do baixo, orquestrados pela bateria presente, e chegando aos vocais bem trabalhados de Rick, tem-se um conjunto que funciona harmoniosa e coerentemente. Não seria nenhuma surpresa, então, mencionar a alta qualidade de músicas como "In Honor’s Name" e "Bitch Slap". Sem dúvida, trata-se de mais um grande lançamento do selo Liberation.

Nota: 8/10
Selo: Liberation
Data de lançamento: ??/??/2009
Website: www.myspace.com/clearviewdogscrew

Tracklist:
01. March Or Die
02. In Honor’s Name
03. Crush The Fake
04. Are You Ready ?
05. No Second Best
06. Outrageous Reaction
07. Catastrophe Among Us
08. Monte Cristo
09. Bitch Slap
10. Love It Or Leave It
11. Statement Of Aggresion
12. The Guillotine

sábado, novembro 14, 2009

Questions - Rise Up

Há de se convir que um novo disco lançado pelo Questions é sempre muito aguardado, dada a dimensão alcançada pela banda nos últimos anos. E é em meio a grandes expectativas que "Rise Up" acaba de chegar. O terceiro álbum do agora quinteto paulistano vai de encontro ao Hardcore feito à velha maneira. Segundo o próprio vocalista Edu Andrade "enquanto muitas bandas por aí estão tentando soar mais pesadas, o Questions não, voltou às raízes". De fato, o estilo que se verifica no novo álbum destoa dos anteriores. As novas músicas mostram-se mais lineares e contínuas, sem grandes pausas ou quebras de ritmo. Em termos mais palpáveis, a bateria de Edu Akira apresenta-se mais objetiva e funcional, concentrando-se no simples "tupá, tupá". Mas houve também o que se mantivesse como antes: o estilo vocálico de Edu; as linhas de baixo, aplicadas com eficiência pelo novo membro Hélio Suzuki; e a fábrica de riffs contagiantes que atente pelo nome de Pablo Menna, a alma da banda por assim dizer, agora ineditamente auxiliado por outro Pablo, o Lucente. O resultado disso, muito em parte devido ao ótimo trabalho de produção e gravação realizados por Fernando Sanches e Philippe Fargnoli nos estúdios El Rocha e na Casa do Metal, é um disco coeso e, acima de tudo, sincero. Destaque para a magnífica faixa inicial "The Victory Speech" e o cover de "Show No Mercy", do Cro-Mags. Por essas e outras que o Questions prova novamente a sua qualidade, além de contribuir para a cultura underground, nos presenteando com mais uma bela obra e mostrando que a evolução da cena é possível. We shall rise up!

Nota: 8/10
Selo: Seven Eight Life
Data de lançamento: 29/08/2009
Website: http://www.questions.com.br/ /
www.myspace.com/questions

Tracklist:
01. The Victory Speech
02. Consume
03. Utopia
04. Never Give Up
05. Born And Raised
06. SPHC
07. One Way
08. Show No Mercy (Cro-Mags cover)
09. Suprass
10. Rise Up

terça-feira, setembro 29, 2009

Facínora - Born In Fear

Não é nenhuma surpresa anunciar aqui mais uma banda promissora oriunda de Minas Gerais. Acredito que tampouco seja outra novidade comentar sobre um trabalho que busca resgatar as raízes sonoras de um dado gênero. Mas isso não tira de forma alguma o brilho de "Born In Fear", EP de estreia do Facínora. A então dupla, hoje quarteto, responsável pelo trabalho deixa claro logo na faixa inicial "Empty Illusions" as qualidades que a fez destacar-se, alcançando um patamar acima da média. Desenvolvendo linhas velocíssimas de guitarra com acompanhamento preciso e vibrante de baixo e bateria, além de vocalizações muito bem aclimatadas, a música faz com que até mesmo os descrentes na nova geração do Thrash Metal percebam que trata-se de algo que mereça sua atenção. E isso se deve muito em parte da provável comparação com o Metallica, e até certo ponto com Slayer e Anthrax. A crítica especializada internacional, por sua vez, tem frisado com reincidência esse aspecto do "novo com cara de velho" em tom bastante positivo, quase ufanista. Mas ainda há muito caminho a percorrer até que a banda revelação se consolide como uma boa realidade. A qualidade da gravação, apesar das composições não exigirem muito apuro técnico, é razoável. À exceção de "Empty Illusions", as demais canções não conseguem imprimir ou manter o impacto inicial, e por fim, a pronúncia de Ígor necessita ser aprimorada, pois o sotaque carregado em trechos de "Despair" chega a ser um problema. Contudo, apontar defeitos, como já diriam os mais velhos, não representa necessariamente implicância ou rabujisse. É, pelo contrário, sinal de crença e torcida por crescimento.

Nota: 7/10
Selo: Independente
Data de lançamento: ??/09/2008
Website: www.myspace.com/facinorathrash

Tracklist:
01. Empty Illusions
02. War Between Selfish
03. Despair
04. The Evil

domingo, julho 19, 2009

Dynahead - Antigen

É tarefa altamente prazerosa comentar esse belíssimo debut dos brasilienses do Dynahead. Assim como em pouquíssimas obras, "Antigen" transmite instantaneamente sua magnitude e excelência ao ouvinte. Ouvinte privilegiado, diria. Não por menos: trata-se de uma rara junção de competência, maturidade musical, versatilidade, vigor e transparência. Dada a dimensão da sonoridade desse quinteto, seria uma enorme injustiça tentar enquadrá-los em algum estilo mais conveniente. Ocorre que a dinâmica das músicas em "Antigen" sufoca a necessidade de rotulação, dada a peculiaridade de cada uma delas. "Layers of Days" é o ponto forte do disco quando se trata da união entre peso e melodias contagiantes. Com a base construída a partir de riffs poderosos que se fazem sentir, adicionada à pegada altamente técnica e cheia de groove de Rafael Dantas, à boa encorpada do baixista Diego, lapidada por vocalizações muito bem trabalhadas, é sem dúvida uma música que se destaca. "Tactile Haven", por sua vez, é uma amostra do quão repleto de variações o grupo pode se mostrar. Entre os 3'10'' e os 4'30'' dessa faixa, tem-se um período bastante ilustrativo a esse respeito. Outra faceta a ser destacada é a suavidade de "Depart Now". Sobre o aspecto delicado da música, o vocalista Caio Duarte alerta: "essa música foi escrita para parecer uma música 'de amor', quando na verdade não é. Ela fala de uma despedida (...) dos elementos do nosso 'eu' dos quais temos que abrir mão no processo de nos ajustarmos à sociedade". Além de polifacético, o primeiro full length da banda é dotado ainda de um profissionalismo latente. Não obstante, é impecável o seu acabamento sonoro (mixado por James Murphy, por sinal), e sua arte gráfica, assinada pelo artista Gustavo Sazes. Álbum altamente recomendável e sem restrições, portanto.

Nota: 8/10
Selo: Independente
Data de lançamento: ??/??/??
Website: www.dynahead.com.br/ /
www.myspace.com/dynahead

Tracklist:
01. Clockwork I
02. Layers of Days
03. Virtual Twin
04. Tactile Haven
05. Join and Surrender
06. Bloodish Eyes
07. Depart Now
08. You Feel Cleansed?
09. Vorsicht!
10. The Starry Messenger

sábado, maio 23, 2009

Mindflow - Destructive Device

Um dos grandes expoentes do Prog Metal brasileiro, o Mindflow apresenta seu novo álbum "Destructive Device". Trata-se do terceiro full length da banda, cuja produção discográfica é completada por "Just the two of us... Me and Them" de 2004, e "Mind Over Body" de 2006. Apesar da carreira um tanto quanto recente, o grupo já vem colhendo respeitável retorno do público, inclusive no exterior. Apresentações bem-sucedidas no continente europeu, na América do Norte e Ásia, além de atestarem a excelência dos músicos expandem a boa base de admiradores conterrâneos. "Destructive Device" é, portanto, a continuação desse trabalho bem feito. Impecável em sua totalidade, e claramente concebido por meio de um projeto meticuloso, o novo disco da banda mostra resultados impressionantes. O perfeccionismo instrumental e vocálico é latente. Os créditos podem ir tanto para Rodrigo Hidalgo (guitarra); Ricardo Winandy (baixo); Rafael Pensado (bateria); Miguel Espada (teclado) e para o frontman Danilo Herbert, quanto para os produtores americanos Ben Grosse (produziu, gravou e mixou o disco) e Ted Jensen (a cargo da masterização). Arquitetado para ser extremamente coeso, o conceito que fundamenta o álbum estabelece várias ligações. Desde a arte gráfica, elaborada como um relatório do serviço secreto que investiga suspeitos de atividade "terrorista", que se conecta à temática lírica (essencialmente focada nos dilemas da humanidade), até a embalagem do próprio que se relaciona aos materiais multimídia disponibilizados pela banda na Internet. Músicas como "Breakthrough"; "Under An Alias"; "Destructive Device", entre outras, satisfarão os anseios dos admiradores de metal progressivo refinado. Álbum altamente recomendável, portanto.

Nota: 9/10
Selo: Unlock Your Mind Productions
Data de lançamento: ??/??/2008
Website: www.myspace.com/letyourmindflow /
www.mindflow.com.br/

Tracklist:
01. Destructive Device
02. Lethal
03. Breakthrough
04. Under An Alias
05. Inevitable Nightfall
06. Said&Done
07. Fragile State of Peace
08. Not Free Enough
09. Inapt World
10. Frist Things Frist
11. Shocking Deathbed Confession
12. The Screwdriver Effect

sexta-feira, março 13, 2009

Error - Stronger Than Hate

Certas vezes penso que os termos "underground" e "independente" me parecem inadequados à realidade de algumas bandas. O Error é um bom exemplo disso. Essa inadequação se deve ao fato de que hoje em dia não se trava mais aquela batalha épica para se ter uma estrutura minimamente convincente, como ocorria há anos atrás. Logicamente, por se tratar de música pesada no Brasil, permanecem ainda muitos percalços. Porém, como se pode notar em "Stronger Than Hate", álbum de estréia desse quarteto de Foz do Iguaçu (Paraná), há o rompimento da fácil associação que ocorria tempos atrás da palavra independência ao amadorismo musical. Ao contrário, a qualidade do material se adequa às características de uma produção profissional. O primeiro contato já deixa isso bem claro. O trabalho gráfico, a cargo da renomada empresa ArtSide, é bem concebido, funcional, agradável, e age como uma ponte, tendo as músicas na outra extremidade. A produção das mesmas tampouco deixou a desejar. Valorizou-se em primeiro plano os vocais rasgados de Ibrahim e a sucessão dos riffs cortantes de Cesar. Não querendo isso dizer que o acompanhamento de Bob (em levadas no bumbo duplo e nos frequentes breakdowns) e a encorpada adicional ao peso dada por Alex (substituído por Rodrigo) são desnecessários. É mera questão de evidência. Ocorre que à exceção de "Instinct", a obra sofre de um leve mal - pouca diversidade nas músicas. O que por outro lado, tem o seu lado positivo: admiradores da sonoridade Metalcore/Thrash Metal linear não irão reclamar. Se toda as bandas underground e/ou independentes, por assim dizer, fossem do nível do Error, me daria por satisfeito eternamente.

Nota: 7/10
Selo: Independente
Data de lançamento: 15/11/2008
Website: www.myspace.com/errorofficial /

Tracklist:
01. 1010011010
02. Dark Ways
03. Impact
04. Going Down
05. You Are The Next
06. Instinct
07. Enemies
08. Burn
09. Keep Out
10. Sick Mind
11. Lethal Dosage

Warpath - Damnation

A nova sensação do momento atende pelo nome Warpath. Esse quarteto do Reino Unido vem causando um certo frisson não somente em sua terra natal, mas também no restante da Europa, nos EUA, e em demais países. O motivo de tanta euforia é facilmente explicável: o resgate às raízes do Thrash Metal. Provocando comentários a favor ou contrários, igualmente acalorados, essa nova tendência não passa despercebida. Portanto, o Warpath, que não é de modo algum seguidor oportunista dessa tendência, vem recebendo crescente visibilidade internacional. Desde o lançamento de seu EP "Cataclysm" já se suspeitava que essa não era uma banda qualquer. A confirmação veio com seu primeiro álbum, "Damnation". Produzido pela própria banda, mixado por Orlando Villaseñor (Chimaira, Hate Eternal), masterizado pelo guitarrista James Murphy (Testament, Death) e lançado de forma independente, o debut é de uma qualidade acima da média. O guitar work é simplesmente impecável, apenas ouçam uma amostra na faixa homônima do disco. O mesmo há de se afirmar da bateria de James e do perfeitamente audível contra-baixo de Joel. Os vocais de Richard, no entanto, poderiam ser mais presentes. O que se ouve do disco, são 32 minutos do mais puro Thrash Metal old school. Não por menos, alguns dos vários prêmios que a banda já recebeu da crítica especializada, como o de "Melhor Banda Independente de 2008" pela revista Terrorizer, são mais do que merecidos. Contudo, isso leva a seguinte indagação: será que estamos de fato diante de um novo fenômeno, ou então pelo fato de a nova safra do metal estar repleta de bandas sofríveis, o Warpath esteja sendo desmedidamente glorificado? Espero que a primeira opção seja verdade.

Nota: 8/10
Selo: Independente
Data de lançamento: ??/03/2008
Website: www.myspace.com/warpathuk /
www.warpath-online.com/

Tracklist:
01. Damnation
02. Infernal
03. Hostile Takeover
04. Face To Face
05. Spitting Blood
06. Life Unworthy Of Life
07. W.M.D
08. Expendable Forces

quinta-feira, março 12, 2009

Shrimp - Gonzo Fishing Trip

O experimentalismo dentro do Metal já não é mais nenhuma novidade, tampouco restritamente praticado. Desse modo, a fazer valer a mesma tendência autofágica de outros gêneros já saturados (como o Metalcore, e mais recentemente o Deathcore), apenas os músicos mais competentes obtêm sucesso. E o quarteto californiano Shrimp acaba se enquadrando nesse seleto último grupo. Não por menos, pois os músicos são excelentes. A destreza técnica de todos os integrantes lhes permite uma versatilidade impressionante. Assim, cada uma das cinco músicas que compõem seu EP de estréia, o "Gonzo Fishing Trip", são completamente distintas umas das outras, porém, preservando um certo padrão estabelecido pela banda (o que pode ser difícil de se perceber, uma vez que padrão seja um conceito aparentemente ignorado pelo grupo). Ao contrário do que se possa pensar ao se deparar com o ar debochado e excêntrico da obra, trata-se de um trabalho sério, muito bem gravado e produzido, e de ótimo acabamento (contendo uma interessante arte gráfica do álbum, em formato digipack). Por se tratar de um álbum de qualidade homogênea, os destaques a serem feitos não seguem uma hierarquia. Ressalta-se, portanto, boas passagens como: o refrão grudento em "Manifest Democracy"; o solo do baterista Justin em "The Lobstrosities"; e o esforço coletivo na excelente "I'll Be Your Huckleberry". O quarteto sagrou-se muito bem sucedido em sua estréia, portanto. E o que é bom pode ser ainda melhor: o primeiro full-length já está por vir.

Nota: 8/10
Selo: Originology
Data de lançamento: 30/05/2008
Website: www.myspace.com/shrimptheband

Tracklist:
01. The Lobstrosities
02. Manifest Democracy
03. Loaded To The Gunwalls
04. Decomposed And Cannibalized
05. I'll Be Your Huckleberry

D.E.R. - Quando a Esperança Desaba

A proveniência da banda condiz com o estilo que praticam. Vindos da "extrema zona sul" da capital paulista, os quatro integrantes do D.E.R. são partidários de uma sonoridade igualmente extrema, o grindcore. "Quando a esperança desaba", o primeiro full-length da banda, é um interessante trabalho de resgate a uma sonoridade clássica do gênero. A começar pela duração das faixas, sendo que a mais longa atinge 1'17", nota-se que esse quarteto não se rendeu às novas tendências. E por qual motivo haveriam de o fazer, se a forma mais crua e direta do estilo lhes é muito mais verdadeira? A britadeira caótica faz mais jus à vida que levam. A vida de quem sente a cada dia o pesado fardo de viver em um mundo de exploração, desencanto, ódio, e desesperança. E essa temática chega a seus ouvidos sem refresco: aos berros guturais de Thiago Nascimento; pela guitarra distorcida de Renato; pela velocidade do baixo de Henrique; e pelos incansáveis blast-beats do ótimo baterista Barata. No aspecto geral das músicas, a variação entre elas é mínima. Porém, dá brechas a alguns destaques: a vigorosa "Empregando o Capital" (cujo videoclipe, dirigido por Pierre Kerchove, do Ruina, vem incluso no disco); e o virtuosismo de Barata logo na abertura do disco em "O Que Foi Escrito Eu Apaguei". Acertaram ainda no aspecto gráfico sujo do álbum, e no auxílio na divulgação pelo selo Karasu Killer, com sede no Japão (o que explica as traduções das letras para o japonês). Uma boa sugestão aos fãs de Napalm Death e afins.

Nota: 7/10
Selo: Fuck It All; Cospe Fogo Gravações; Peculio Discos; Karasu Killer
Data de lançamento: ??/??/2008
Website: www.myspace.com/derpunk

Tracklist:
01. O Que Foi Escrito Eu Apaguei
02. Ódio Ao Prazer
03. Seu Herói Sangra
04. A Queda do Seu Dogma
05. Dois Pontos Uma Solução
06. Degrau Para o Desconhecido
07. Vaga Lembrança
08. Raiva e Vingança
09. Empregando o Capital
10. Quando a Esperança Desaba
11. Lucro e Troca
12. O Puro Aroma Do Medo
13. Eu Decido Quem Vai Morrer
14. Assim Como a Vontade de Justiça Social
15. Capítulos Que Descarto
16. A Vitória e o Fim

segunda-feira, março 09, 2009

Ruina - Ruina

Recoberto pela áurea sombria e cabisbaixa do Black Metal, o álbum de estréia do Ruina, homônimo dessa banda divida entre São Paulo e Curitiba, faz o tipo do disco que parece despretensioso de início, mas que vai tomando corpo e envolvendo conforme a audição. Portanto, não se atenha à simples etiqueta acima, pois o registro vai além disso, flertando com uma gama de outros estilos. A diversidade extrapola o gênero musical, se devendo também ao peculiar fato de o disco ser bilíngue. Há letras em português e em francês. Tinha tudo para soar bizarro, portanto, mas não é o que ocorre. Os vocais de Pierre, auxiliado por Gustavo e Marco, estão bem encaixados na proposta das músicas. O instrumental não fica atrás. O contrabaixo é notável e bem construído; Thiago usualmente compõe linhas simples de bateria, mas mostra que sabe incrementar complexidade quando o momento exige; Marco é um ponto-chave do enredo da banda, cabendo a ele a tarefa de "dar cor" à música. Sua competência se comprova na inesquecível faixa "Olhos Vendados". A "choradeira" de sua guitarra é também marcante em "Instrumental II". A arte gráfica do álbum é ainda outro destaque. Elaborando um paralelo com a sonoridade, há diversas figuras bem feitas que exploram o tracejado, beirando o rabisco. A gravação segue o mesmo princípio: valorizou o simples, com eficiência. "Ruina" é pura espontaneidade, sinceridade e coerência. Um disco ímpar, que mesmo tendo dispensando ambições faraônicas, consegue agradar a seu modo.

Nota: 7/10
Selo: Cospe Fogo Gravações; Karasu Killer
Data de lançamento: ??/??/2008
Website: www.myspace.com/ruina

Tracklist:
01. Lustrum
02. Le Temps, Le Sang...
03. Olhos Vendados
04. Sans Retour
05. Mais Uma Vez
06. Instrumental I
07. Noyé Dans L'Amer
08. Le Noir, L'Espoir
09. Instrumental II
10. Ruanda

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Nirvana - Nevermind

O Nirvana é (pois nunca deixou de ser), um dos maiores ícones do Rock moderno. Goste você ou não da banda, deve reconhecer isso. Fato é que ao redor do mundo é raríssimo se deparar com uma alma viva que nunca tenha sequer ouvido falar desse trio, transformado em quarteto em seus últimos dias de existência. Tamanho sucesso, astronômico por assim dizer, se deveu ao disco, que segundo alguns, mudou os rumos da música à época: "Nevermind". Alguns podem até alegar que este não é o melhor disco, que "In Utero" é superior e blá blá blá... Mas, convenhamos, Nirvana, da forma como conhecemos hoje, só o é por conta desse álbum. E lá se vão 17 longos anos desde o seu lançamento, mas no entanto, esta pérola não parece ter envelhecido, ao contrário - está cada vez mais viva. Clássicos legítimos resistem à prova do tempo. E esse mesmo tempo provou que uma geração inteira, que cresceu apreciando o disco, nunca mais vai esquecê-lo. Quer ver um teste? Atire a primeira pedra quem, em seus primeiros passos no violão (ou guitarra), nunca dedilhou "Come as You Are"?! Clássicos legítimos são também álbuns completos, perfeitos. O que dizer então de um tracklist que consiga reunir nada menos do que: "Smells Like Teen Spirit"; "Polly"; "Lithium"; "In Bloom"; "Territorial Pissings"; e "Something In The Way", além é claro do grande sucesso didático acima citado? Não apenas isso: as demais faixas são igualmente sensacionais, apenas não tiveram a mesma repercussão. Em pensar que nem a gravadora, tampouco a banda esperavam muito do disco! Clássicos legítimos são ainda marcos iconográficos. Alguma outra capa de cd lhe é tão marcante quanto o bebê na piscina com uma nota de dólar à sua frente? Entretanto, tal clássico legítimo cobrou o seu preço pouco tempo depois: Kurt Cobain. Que seus órfãos continuem a chorar oceanos de lágrimas, mas ainda sustento: teve o seu fim no momento certo, no seu auge. Nada mais coerente com seu estilo de vida romântico, pois com a mesma rapidez em que surgiu aos olhos do mundo, se foi. Assim como os grandes gênios das artes.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Satisfire - Brutal Anthropy

Propor uma sonoridade original, única, e sincera, acredito que seja o objetivo da grande maioria das bandas mundo afora. Todavia, já se sabe: querer é uma coisa, fazer por onde acontecer é outra completamente diferente. Pois bem, é nesse barco que se encontra o quarteto paranaense Satisfire. Em parte alcançaram o objetivo da peculiaridade sonora, uma vez que permeiam o Metalcore, o Hardcore, e chegam ainda a flertar com o Death Metal, mas não se colocam propícios a classificações. Contudo, o conjunto da obra não soa tão bem quanto supostamente deveria. Mas não seria o caso de crucificar o disco de estréia da banda, "Brutal Anthropy", até porque não é de todo mal. Algumas considerações a esse respeito merecem ser feitas, como: a boa qualidade das músicas (com produção e mixagem a cargo de Ricardo Confessori, baterista do Shaaman, e masterização por conta de Junior Rosseti); uma bem sucedida arte gráfica geral; a criativa faixa "Guerra Justa?!" (contando inclusive com uma versão em espanhol) e a boa melodia em "Mumocaid". Os pecados capitais, no entanto, se deveram: ao vocalista Daniel, que parece extrapolar seu limite em muitas passagens, quando força um pouco mais a voz; a repetitividade e pouca variação na sonoridade da guitarra de Estevão; e a certas passagens em que o baixo de Anderson se sobressai (algo como o que Fieldy do Korn fazia, mas que não se encaixa no conjunto). Ainda que não tenham lançado um disco que mereça um caminhão de adjetivos positivos, o Satisfire mostra que possui ingredientes importantíssimos para uma próxima empreitada - empenho, competência, e muita vontade em mostrar serviço.

Nota: 6/10
Selo: Independente
Data de lançamento: 01/09/2008
Website: www.myspace.com/satisfiremusic

Tracklist:
01. Is This The Disgrace That you Cultuar?
02. Unequal
03. Dark Screen
04. Guerra Justa?!
05. Unlawfull Love
06. Mumocaid
07. Just To Pulse Away The Blood
08. Way Of A Blind
09. If You Think
10. Some Madness
11. Brutal Anthopy
12. Guerra Justa?! (Spanish Version)

terça-feira, janeiro 20, 2009

Fim Do Silêncio - Fim do Silêncio

Aguardar ansiosamente pelo novo Fim do Silêncio e ouvir logo de cara a faixa inicial ("Incondicional") tocada ao piano, pode assustar muita gente. Porém, a sequência, que leva o mesmo nome do disco, que por sua vez foi emprestado da banda, acaba com a aflição de quem temia pelo pior. Sim, o bom Fim do Silêncio está de volta. Talvez agora um pouco mais trabalhado, mais bem pensado e melhor construído do que antes. A maturidade que se percebe nesse registro é tamanha que se sente que as saídas de dois integrantes não se constitui num obstáculo à empreitada de dar seguimento ao ótimo "Cor À Palidez". Fica muito claro, portanto, desde o início da audição do álbum, que estes paulistanos não quiseram abrir mão de um item: qualidade. Assim, não parece ter interessado ao sexteto o que fosse necessário para chegar lá. Devo dizer que foram longe nessa brincadeira. Deixaram a masterização do disco a cargo de Alan Douches, o guru por trás da West West Side Music. Mas não se esqueceram da vizinhança. Resolveram chamar Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish para participar da terceira trilha, "Entre Demônios e Paixões". O resultado dessa história toda deixa uma interrogação na cabeça: até onde se pode dizer que o underground ainda o é? Será que o profissionalismo já se disseminou e esqueceram de avisar? Afinal, dada a grandeza de "Ausência" (levemente diferente da versão disponibilizada há algum tempo) e de "Anestesiado Por Um Sonho" (entre outras, claro), não há como se pensar em outra coisa. Com este novo álbum, a banda cria sua própria categoria, um nível próprio, distante da grande maioria, cada vez mais perto dos "imortais".

Nota: 9/10
Selo: Travolta Discos
Data de lançamento: 20/12/08
Website: www.myspace.com/fimdosilencio

Tracklist:
01. Incondicional
02. Fim do Silêncio
03. Entre Demônios e Paixões
04. Histórias
05. Minha Revolução
06. Anestesiado Por Um Sonho
07. Gota
08. Quando Nada Vale Muito
09. Nunca Se Atem
10. Ausência
11. Desvio de Carater

Jeffrey Dahmer - Aurora

Insano, doentio, e ao mesmo tempo altamente complexo, como só a mente de um serial killer pode se comportar. Assim é "Aurora", este sensacional EP de estréia do Jeffrey Dahmer. Formado a partir de ex-membros das bandas Are You God?, Presto? e Hutt, o JD herdou, inegavelmente, alguns traços que já lhe pertenceram ao passado, contudo, possui uma fórmula única e infalível de combinar elementos de grindcore, math metal, hardcore e death metal. A junção de todas estas vertentes, e como se cria o som da banda a partir de tal, é o ponto alto da banda. Estruturas intrigantes, descompassos e contratempos, alternância entre agudos e graves, exploração de sons extremos, transição abrupta de ambientações... Isto é o mínimo que se pode decifrar dessa obra um tanto quanto enigmática. É certo que uma banda estreante qualquer, muito dificilmente chegaria a este nível de técnica e maturidade sem que já houvesse tido experiências anteriores, como é o caso desse quinteto veterano. Composta por: Sergio Hernandes (guitarra); Nelson Junior (vocal); Hélio Siqueira (vocal); Rodrigo Hiro (Bateria); Rodrigo Buitoni (baixo, mas que, no entanto não chegou a gravá-lo); a banda já começa a colher os frutos de seu bom trabalho e da divulgação ampliada proporcionada pela disponibilização gratuita e na íntegra, em sua página no MySpace, do EP em questão. Já estão confirmados como uma das bandas de abertura das apresentações em solo brasileiro do Silverstein e do As I Lay Dying. "Aurora" foi, sem dúvida, um grande lançamento de 2008. E a arte imita a vida... Em sua plenitude e em alto e bom som.

Nota: 8/10
Selo: Independente
Data de lançamento: 06/10/08
Website: www.myspace.com/dahmermurdermusic /
www.fotolog.com/jeffrey_dahmer

Tracklist:
01. Em Seu Pequeno Paraíso, na Forma Mais Sublime, o Sorriso Apodrece Adentro da Luxúria
02. Sombras a Espera de um Rosto
03. Primeiro Erro, Dois Tempos, Duas vidas, Um Silêncio
04. Sorrindo Sobre a Glória Das Cinzas Que Nunca Partem Com as Estações
05. Sementes Corporativas

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Adrede - Em nome da sujeira

Apresentar os paulistas do Adrede como um dos sobreviventes do New Metal/Rapcore, considerando toda a discussão "apocalíptica" em vigor a respeito desse gênero, faria com que muitos ouvintes se indispusessem com a banda por mero preconceito, antes mesmo de conhecer as músicas - o que seria uma pena. "Em nome da sujeira", o bem-sucedido debut desse sexteto de Indaiatuba contém claras influências de Hip-Hop, Rock (com a sujeira da guitarra típica do Grunge) e até do Funk. Tudo dentro da estrutura das músicas do Adrede está interligado, é como uma reação em cadeia. O baterista Marcelo, por exemplo, imprime uma levada sincrônica com o baixo de Guto, cheio de groove e fundamental na música. Este, por sua vez, também se conecta a outro elemento - os riffs sujos e cadenciados de China. Sobre isso, os dois vocais fazem a sua parte. Xavier tem o seu estilo mais voltado para o Rap, com vocais mais limpos e quase falados. Já Roger, atua direcionado ao Rock, mostrando vocalizações rasgadas, felizmente inteligíveis. Intercalado a eles, está o Dj R3, que se faz presente em intervalos bem dosados e não exagera nos scratches e demais efeitos. Somado às faixas: "Adrede"; "Mídia Urbana"; e a que dá nome ao registro; o disco é engrandecido por uma série de fatores. São eles: a participação especial de Andreas Kisser (Sepultura), que gravou em "O Troco"; o material multimídia bônus (com "Making Off" do disco, e ainda o videoclipe de "Cada Cabeça Uma Sentença"); a arte gráfica do álbum; a produção das músicas; e a invejável embalagem em formato digipack. Um disco de alto nível que está acima da média para uma estréia. Imperdível.

Nota: 8/10
Selo: Z Records
Data de Lançamento: 19/10/2008
Website: www.adrede.com.br/ /
www.myspace.com/adrede

Tracklist:
01. Adrede
02. Aqui Se Faz Aqui Se Paga
03. Cada Cabeça Uma Sentença
04. Em Nome da Sujeira
05. O Troco
06. Atitude Errada
07. Impunidade
08. Mídia Urbana
09. O Corre
10. Deixa Eu Falar
11. Paranóia
12. Jam

sábado, janeiro 03, 2009

Nuestro Sangre - Massacrados pela ganância...Esmagados pela miséria

Contrastando com o aspecto pacato da cidade serrana de Teresópolis, os cariocas do Nuestro Sangre estraçalham a serenidade com o seu audível EP de estréia: "Massacrados pela ganância...Esmagados pela miséria". Não pense que encontrará aqui interlúdios melódicos para amaciar os ouvidos. Os trechos de reportagens presentes no início e no fim do disco servem, no entanto, para enfatizar e dar respaldo "científico" à pancada que se segue. O engajamento político desse quarteto, que está na ativa desde 2006, é reforçado pela sua sonoridade direta, crua e incisiva. Executam uma modalidade de Hardcore que já foi inclusive comparada a de um ícone brasileiro do gênero, o Ratos de Porão. Toda a temática do EP, que, presumivelmente a respeito do seu título, gira em torno de temas correlatos como: opressão policial; intolerância religiosa no Oriente Médio; e falta de liberdade no mundo moderno; é muito bem aproveitada pela poderosa voz de Fábio Vargas, pelas notas ininterruptas da guitarra de Wellington, e pelo bom entrosamento entre o baixo de Bruno e a bateria de Nelson. Em suma, o EP em questão tem um saldo geral positivo. A boa produção das músicas, a eficácia de sua arte gráfica, e o próprio eixo temático adotado pela banda atestaram sua qualidade. O único pecado cometido foi a leve "enchida de lingüiça", na já pequena duração do registro, com os referidos trechos de reportagens. Entretanto, nada que tire o mérito dessa estréia. Recomendável estréia.

Nota: 7/10
Selo: Necrose Musica
Data de Lançamento: 16/08/2008
Website: www.myspace.com/nuestrosangrehc

Tracklist:
01. Corja
02. Fim da Linha
03. Liberdade Manipulada
04. Pay-per-view de Satã

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Hoje Você Morre - Nada É Tão Ruim Que Não Possa Piorar

Hilário, sarcástico, e com uma evidente pitada de humor negro. Estes são alguns dos ingredientes que dignificam o disco de estréia dos baianos do Hoje Você Morre, intitulado "Nada É Tão Ruim Que Não Possa Piorar". Praticantes de um Hardcore metalizado de qualidade, e tendo como influencias o Impaled Nazarene, Sick Of It All, e Helmet, a banda destila agressividade e energia nos econômicos 30 minutos de atividade de seu debut. Tudo começa com riffs ásperos e rápidos, ao melhor estilo Crossover, seguidos da crua afirmação: "Sua única sentença: um dia você morre" (!). Mas apesar da suposta falta de seriedade do projeto, que se poderia deduzir em virtude do conteúdo das letras do disco, esse quarteto soteropolitano não poupou esforços no que tange à produção do álbum. Afinal, não haveria de ser diferente. O baterista da banda é Jera Cravo, um competente produtor musical que esteve por trás de grandes álbuns, como o "Elemental", dos baianos do Cobalto, e do lançamento de estréia da também conterrânea Yun-Fat. A arte gráfica da capa, assinada por Patrick Andrews, tampouco deixa por menos. Mesmo que simples, é eficaz e coerente com a proposta do grupo. Alguns outros destaques podem ser feitos, e se destinam às músicas: "Despotismo"; "Últimos Não Serão Primeiros; e "Só Dói Quando Respiro!". É interessante sublinhar ainda uma curiosidade: a última música, homônima do álbum, contém uma espécie de "faixa escondida", que se trata de um cover de "A Thousand Miles" da artista pop Vanessa Carlton. O resultado disso tudo merece ser conferido, com toda a certeza.

Nota: 8/10
Selo: Atalho Discos
Data de lançamento: 31/08/2008
Website: www.myspace.com/hojevocemorre \
www.fotolog.com/hojevocemorre

Tracklist:
01. Mensagem de Despedida
02. Despotismo
03. A Bebida Entra, A Verdade Sai
04. Esperança
05. Últimos Não Serão Primeiros
06. Modéstia
07. Benevolência
08. Dúvidas
09. Sem Querer Te Fiz Sangrar
10. Só Dói Quando Respiro!
11. Conversa de Bar
12. Nada É Tão Ruim Que Não Possa Piorar

domingo, novembro 23, 2008

Hostile Inc. - Qiyamat

Bandas como o Hostile Inc., de Fortaleza, convencem-me cada vez mais de que competência é uma qualidade independente de proveniência. Oriundos de uma cidade, que apesar de ser um dos grandes centros de sua região, não tem muita tradição na cena Metal brasileira, este sexteto cearense surpreende. A própria existência da banda desde os idos de 1996, já é por si só um indicativo forte de que não se trata aqui de uma banda qualquer. Praticantes de um Death Metal repleto de melodias e harmonias bem trabalhadas, o grupo apresenta "Qiyamat", seu álbum de estréia. O debut em questão é uma obra grandiosa, enaltecida por sua versatilidade, comprovável em "In Vitro". A sexta faixa do álbum se caracteriza por seu andamento muito similar ao de "Mass Hypnosis" (Sepultura) e mesclado ao famoso triângulo do forró (uma prova de que o metal brasileiro não ignora a pluralidade de sons existentes no país). Por trás de tudo isso, estão: o uso constante de teclados por Nathiel Souza, o que acaba conferindo uma beleza fúnebre às composições; a dupla de guitarristas Yuri e Franzé (recentemente substituído por Júnior Maia), que cria os alicerces de toda a música do grupo; a precisão e velocidade das batidas de Saulo Oliveira; e também o acabamento final do baixo de Adriano Abreu. Mac Coelho (um dos fundadores da banda) fecha o conjunto revelando-se um exímio vocalista. Seu virtuosismo é tamanho que pode-se comparar sua técnica vocal à de Daniel Filth sem muita margem para exagero. Por A + B o Hostile Incorporation prova que "Qiyamat" é item obrigatório para admiradores de música bem feita.

Nota: 8/10
Selo: Independente
Data de lançamento: 05/05/08
Website: www.hostileinc.net/ /
www.myspace.com/hostileincband

Tracklist:
01. Alea Jacta Est
02. Mechanical Man
03. The Universe Outside
04. Superfluous Existence
05. Fast Motion
06. In Vitro
07. The Final Judgement
08. Sheep and Wolves