domingo, setembro 23, 2007

Coliseum - No Salvation

Você aí que gosta de true Hardcore, olho vivo em "No Salvation", terceiro lançamento do Coliseum. Mais precisamente, não se trata de um legítimo hardcore, já que a banda vale-se de elementos do punk rock e até do rock 'n' roll. De toda maneira, é o bom e velho HC que se faz mais perceptível. Não bastasse o fato por si só, somos agraciados pela altíssima competência dos músicos, que, pasmem, são apenas três! Chris Maggio é impecável no domínio rítmico das músicas do disco. Ele nos dá até uma palhinha de seu virtuosismo e versatilidade em "Shake It Off". Mike Pascal executa com maestria a sua função de baixista, dando o peso característo dos contra-baixos de HC. Já Ryan Patterson fecha o trio comandando com digníssimo talento tanto as guitarras quanto os vocais da banda. É de se espantar que o trio consiga criar uma música tão expansiva e envolvente. Definitivamente, esse é o ponto forte do disco: sua força de atração. O ouvinte é literalmente trazido para dentro das músicas, para dentro do ambiente deliciosamente incosequente e rebelde. O álbum é dotado de uma energia incrível que, inexplicavelmente, não cessa. Você fica Pavlovianamente condicionado a ouvir o disco de novo, e de novo, e mais uma vez. Provavelmente quando acabar, já vai sentir falta e querer ouví-lo de novo. Com as devidas proporções reservadas, quem já conferiu "Class War" do Wisdom In Chains irá traçar algumas semelhanças. Mas com o perdão da palavra, "No Salvation" é um tanto superior. Há algum tempo não sentia mais tanto gosto em ouvir um cd "de cabo a rabo". Mérito ao Coliseum que faz jus ao nome, nos presentiando com uma obra colossal!

Nota: 9/10
Selo: Relapse
Data de lançamento: 21/08/07
Website: www.myspace.com/coliseum

Tracklist:
01. No Benefit
02. Defeater
03. The Fate of Men
04. Seven Cities
05. Profetas
06. Shake It Off
07. Skyline Fucker
08. Funeral Line
09. White Religion
10. Interceptor
11. Fall Of The Pigs
12. Believer
13. The Burden

segunda-feira, setembro 17, 2007

Marilyn Manson - Eat Me, Drink Me

Brian Hugh Warner, ou melhor, Marilyn Manson renasceu das cinzas! Aleluia irmãos! Após 4 anos respirando outros ares, o andrógino mais odiado e mais fanaticamente adorado da civilização moderna volta a trabalhar no que o consagrou: a música. Beirando a casa dos 40, Manson deixa claro em "Eat Me, Drink Me" o que os anos de vida nesse mundo lhe proporcionaram - maturidade. Fique bem claro, no entanto, que isso não quer dizer que A BESTA está mais comportada. Jamais! O videoclipe da 1ª música de trabalho, "Heart-Shaped Glasses (When The Heart Guides The Hand)", acalma os ânimos dos que pensam que o titio tá ficando careta (sem trocadilho!). Em quase toda sua duração, o vídeo mostra cenas de sexo, que Manson afirma ele próprio ter executado, e sem "fazer de conta"! Não bastassem as imagens e o making off das mesmas, entrando no âmbito da vida pessoal do artista, a coisa ganha proporção ainda mais chocante. Recentemente Brian se divorciou. O motivo: outra. Que outra? Essa mesma que atua no clipe! Espantado? Ainda tem mais. A sonoridade do disco está irreconhecivelmente mais light e experimental (principalmente se compararmos com "Antichrist Superstar"), chegando ao ponto de, na música citada acima, me ocorrer a vaga semelhança com as chamadas bandas indie. Manson pouco se importa com rotulações ou comparações, o que me deixa a vontade para fazer outra. Por adotar a cada álbum todo um contexto novo (incluindo visual e tema geral tratado no disco) e também uma sonoridade original, Manson se assemelha muito com o camaleão do rock David Bowie. A tématica de "Eat Me, Drink Me" adentra o mundo de "Alice no país das maravilhas". O exemplo mais claro é "Are You The Rabbit?". Outros destaques ficaram por conta de: "Putting Holes In Happiness"; "Eat Me, Drink Me" e "They Said That Hell's Not Hot". A produção desse espécime raro de americano (daqueles com visão crítica e que entendem arte como arte, e não como mero produto) ganhou mais uma bela obra. É possível fazer um disco impactante, sem, no entanto, massacrar ouvidos alheios - foi o que Manson provou nesse novo cd. Coma Marilyn Manson, beba Marilyn Manson, deguste Marilyn Manson. Por incrível que pareça, será uma boa experiência.

Nota: 8/10
Selo: Interscope
Data de lançamento: 05/06/07
Website: www.marilynmanson.com/ /
www.myspace.com/marilynmanson

Tracklist:
1. If I Was Your Vampire
2. Putting Holes In Happiness
3. The Red Carpet Grave
4. They Said That Hell's Not Hot
5. Just A Car Crash Away
6. Heart-Shaped Glasses (When The Heart Guides The Hand)
7. Evidence
8. Are You The Rabbit?
9. Mutilation Is The Sincere Form Of Flattery
10. You And Me And The Devil Makes 3
11. Eat Me, Drink Me

sábado, setembro 01, 2007

Otep - The Ascension

É tarefa quase impossível ouvir esse novo Otep sem evitar comparações. Nada mais do que previsível, já que uma certa falta de identidade sonora parece perseguir a banda. Em "House of Secrets" a semelhança vocal de Otep Shamaya pendia mais para a bestialidade de Angela Gossow (Arch Enemy). Agora, sua vocalização pende mais para o quarteto canadense Kittie, e, em algumas passagens, se assemalha a Candace Kucsulain (Walls of Jericho). O que quer que tenha ocorrido entre o último disco e "The Ascension", foi forte o suficiente para ocasionar tamanha mudança. Diante da tendência das demais bandas de New Metal de buscarem suas "reinvenções", essa banda californiana mostra nesse novo álbum que está, sutilmente, seguindo o caminho inverso - voltando às raízes do gênero. Ousadia? Suicídio?! Só o tempo poderá dizer. Mas, verdade seja dita: aquele Otep que ainda engatinhava, descoberto por Sharon Osbourne, não é mais o mesmo; o mundo musical não é mais o mesmo (e não está pra peixe); e o Nu Metal agoniza seus últimos dias. Portanto, o cenário não está favorável à esse tipo de postura. Entretanto, Shamaya e sua banda valeram-se também de algumas misturas em seu som: aplicam elementos de Death Metal, Gótico e até algumas pitadas de rap (como em boa parte de "Confrontation"). A faixa que talvez exemplifique melhor todo esse caldeirão que compõe o disco é "Ghostflowers". Em primeira instância, vocais sussurrados e agonizantes vão criando um clima de tensão, logo em seguida Karma Cheema faz alguma coisa com seu instrumento que me lembra música árabe (!), um novo clima de tensionamento se segue até atingir o ápice desse suspense (onde a frontwoman libera toda a sua energia vocálica). "The Ascension" deixou a desejar pela sua notória falta de definição. Mesmo misturando alguns elementos, soa bastante indeciso. "Breed" (cover do Nirvana), soando no mínimo estranha, e a balada "Perfectly Flawed" (apesar de agradável), são atenuantes desse impasse, pois simplesmente não tem nada a ver com as demais músicas do álbum. Uma coisa é certa: A Ascensão não virá por esse rumo. Antes de mais nada, é preciso se decidir de que lado do muro se posicionar.

Nota: 6/10
Selo: Capitol
Data de lançamento: 2007
Website: www.otep.com/ /

Tracklist:
1. March of the Martyrs
2. Confrontation
3. Perfectly Flawed
4. Crooked Spoons
5. Milk of Regret
6. Noose and Nail
7. Ghostflowers
8. Breed (Nirvana cover)
9. Eat the Children
10. Invisible
11. Home Grown
12. Communion
13. Andrenochrome Dreams