sexta-feira, janeiro 23, 2009

Nirvana - Nevermind

O Nirvana é (pois nunca deixou de ser), um dos maiores ícones do Rock moderno. Goste você ou não da banda, deve reconhecer isso. Fato é que ao redor do mundo é raríssimo se deparar com uma alma viva que nunca tenha sequer ouvido falar desse trio, transformado em quarteto em seus últimos dias de existência. Tamanho sucesso, astronômico por assim dizer, se deveu ao disco, que segundo alguns, mudou os rumos da música à época: "Nevermind". Alguns podem até alegar que este não é o melhor disco, que "In Utero" é superior e blá blá blá... Mas, convenhamos, Nirvana, da forma como conhecemos hoje, só o é por conta desse álbum. E lá se vão 17 longos anos desde o seu lançamento, mas no entanto, esta pérola não parece ter envelhecido, ao contrário - está cada vez mais viva. Clássicos legítimos resistem à prova do tempo. E esse mesmo tempo provou que uma geração inteira, que cresceu apreciando o disco, nunca mais vai esquecê-lo. Quer ver um teste? Atire a primeira pedra quem, em seus primeiros passos no violão (ou guitarra), nunca dedilhou "Come as You Are"?! Clássicos legítimos são também álbuns completos, perfeitos. O que dizer então de um tracklist que consiga reunir nada menos do que: "Smells Like Teen Spirit"; "Polly"; "Lithium"; "In Bloom"; "Territorial Pissings"; e "Something In The Way", além é claro do grande sucesso didático acima citado? Não apenas isso: as demais faixas são igualmente sensacionais, apenas não tiveram a mesma repercussão. Em pensar que nem a gravadora, tampouco a banda esperavam muito do disco! Clássicos legítimos são ainda marcos iconográficos. Alguma outra capa de cd lhe é tão marcante quanto o bebê na piscina com uma nota de dólar à sua frente? Entretanto, tal clássico legítimo cobrou o seu preço pouco tempo depois: Kurt Cobain. Que seus órfãos continuem a chorar oceanos de lágrimas, mas ainda sustento: teve o seu fim no momento certo, no seu auge. Nada mais coerente com seu estilo de vida romântico, pois com a mesma rapidez em que surgiu aos olhos do mundo, se foi. Assim como os grandes gênios das artes.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Satisfire - Brutal Anthropy

Propor uma sonoridade original, única, e sincera, acredito que seja o objetivo da grande maioria das bandas mundo afora. Todavia, já se sabe: querer é uma coisa, fazer por onde acontecer é outra completamente diferente. Pois bem, é nesse barco que se encontra o quarteto paranaense Satisfire. Em parte alcançaram o objetivo da peculiaridade sonora, uma vez que permeiam o Metalcore, o Hardcore, e chegam ainda a flertar com o Death Metal, mas não se colocam propícios a classificações. Contudo, o conjunto da obra não soa tão bem quanto supostamente deveria. Mas não seria o caso de crucificar o disco de estréia da banda, "Brutal Anthropy", até porque não é de todo mal. Algumas considerações a esse respeito merecem ser feitas, como: a boa qualidade das músicas (com produção e mixagem a cargo de Ricardo Confessori, baterista do Shaaman, e masterização por conta de Junior Rosseti); uma bem sucedida arte gráfica geral; a criativa faixa "Guerra Justa?!" (contando inclusive com uma versão em espanhol) e a boa melodia em "Mumocaid". Os pecados capitais, no entanto, se deveram: ao vocalista Daniel, que parece extrapolar seu limite em muitas passagens, quando força um pouco mais a voz; a repetitividade e pouca variação na sonoridade da guitarra de Estevão; e a certas passagens em que o baixo de Anderson se sobressai (algo como o que Fieldy do Korn fazia, mas que não se encaixa no conjunto). Ainda que não tenham lançado um disco que mereça um caminhão de adjetivos positivos, o Satisfire mostra que possui ingredientes importantíssimos para uma próxima empreitada - empenho, competência, e muita vontade em mostrar serviço.

Nota: 6/10
Selo: Independente
Data de lançamento: 01/09/2008
Website: www.myspace.com/satisfiremusic

Tracklist:
01. Is This The Disgrace That you Cultuar?
02. Unequal
03. Dark Screen
04. Guerra Justa?!
05. Unlawfull Love
06. Mumocaid
07. Just To Pulse Away The Blood
08. Way Of A Blind
09. If You Think
10. Some Madness
11. Brutal Anthopy
12. Guerra Justa?! (Spanish Version)

terça-feira, janeiro 20, 2009

Fim Do Silêncio - Fim do Silêncio

Aguardar ansiosamente pelo novo Fim do Silêncio e ouvir logo de cara a faixa inicial ("Incondicional") tocada ao piano, pode assustar muita gente. Porém, a sequência, que leva o mesmo nome do disco, que por sua vez foi emprestado da banda, acaba com a aflição de quem temia pelo pior. Sim, o bom Fim do Silêncio está de volta. Talvez agora um pouco mais trabalhado, mais bem pensado e melhor construído do que antes. A maturidade que se percebe nesse registro é tamanha que se sente que as saídas de dois integrantes não se constitui num obstáculo à empreitada de dar seguimento ao ótimo "Cor À Palidez". Fica muito claro, portanto, desde o início da audição do álbum, que estes paulistanos não quiseram abrir mão de um item: qualidade. Assim, não parece ter interessado ao sexteto o que fosse necessário para chegar lá. Devo dizer que foram longe nessa brincadeira. Deixaram a masterização do disco a cargo de Alan Douches, o guru por trás da West West Side Music. Mas não se esqueceram da vizinhança. Resolveram chamar Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish para participar da terceira trilha, "Entre Demônios e Paixões". O resultado dessa história toda deixa uma interrogação na cabeça: até onde se pode dizer que o underground ainda o é? Será que o profissionalismo já se disseminou e esqueceram de avisar? Afinal, dada a grandeza de "Ausência" (levemente diferente da versão disponibilizada há algum tempo) e de "Anestesiado Por Um Sonho" (entre outras, claro), não há como se pensar em outra coisa. Com este novo álbum, a banda cria sua própria categoria, um nível próprio, distante da grande maioria, cada vez mais perto dos "imortais".

Nota: 9/10
Selo: Travolta Discos
Data de lançamento: 20/12/08
Website: www.myspace.com/fimdosilencio

Tracklist:
01. Incondicional
02. Fim do Silêncio
03. Entre Demônios e Paixões
04. Histórias
05. Minha Revolução
06. Anestesiado Por Um Sonho
07. Gota
08. Quando Nada Vale Muito
09. Nunca Se Atem
10. Ausência
11. Desvio de Carater

Jeffrey Dahmer - Aurora

Insano, doentio, e ao mesmo tempo altamente complexo, como só a mente de um serial killer pode se comportar. Assim é "Aurora", este sensacional EP de estréia do Jeffrey Dahmer. Formado a partir de ex-membros das bandas Are You God?, Presto? e Hutt, o JD herdou, inegavelmente, alguns traços que já lhe pertenceram ao passado, contudo, possui uma fórmula única e infalível de combinar elementos de grindcore, math metal, hardcore e death metal. A junção de todas estas vertentes, e como se cria o som da banda a partir de tal, é o ponto alto da banda. Estruturas intrigantes, descompassos e contratempos, alternância entre agudos e graves, exploração de sons extremos, transição abrupta de ambientações... Isto é o mínimo que se pode decifrar dessa obra um tanto quanto enigmática. É certo que uma banda estreante qualquer, muito dificilmente chegaria a este nível de técnica e maturidade sem que já houvesse tido experiências anteriores, como é o caso desse quinteto veterano. Composta por: Sergio Hernandes (guitarra); Nelson Junior (vocal); Hélio Siqueira (vocal); Rodrigo Hiro (Bateria); Rodrigo Buitoni (baixo, mas que, no entanto não chegou a gravá-lo); a banda já começa a colher os frutos de seu bom trabalho e da divulgação ampliada proporcionada pela disponibilização gratuita e na íntegra, em sua página no MySpace, do EP em questão. Já estão confirmados como uma das bandas de abertura das apresentações em solo brasileiro do Silverstein e do As I Lay Dying. "Aurora" foi, sem dúvida, um grande lançamento de 2008. E a arte imita a vida... Em sua plenitude e em alto e bom som.

Nota: 8/10
Selo: Independente
Data de lançamento: 06/10/08
Website: www.myspace.com/dahmermurdermusic /
www.fotolog.com/jeffrey_dahmer

Tracklist:
01. Em Seu Pequeno Paraíso, na Forma Mais Sublime, o Sorriso Apodrece Adentro da Luxúria
02. Sombras a Espera de um Rosto
03. Primeiro Erro, Dois Tempos, Duas vidas, Um Silêncio
04. Sorrindo Sobre a Glória Das Cinzas Que Nunca Partem Com as Estações
05. Sementes Corporativas

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Adrede - Em nome da sujeira

Apresentar os paulistas do Adrede como um dos sobreviventes do New Metal/Rapcore, considerando toda a discussão "apocalíptica" em vigor a respeito desse gênero, faria com que muitos ouvintes se indispusessem com a banda por mero preconceito, antes mesmo de conhecer as músicas - o que seria uma pena. "Em nome da sujeira", o bem-sucedido debut desse sexteto de Indaiatuba contém claras influências de Hip-Hop, Rock (com a sujeira da guitarra típica do Grunge) e até do Funk. Tudo dentro da estrutura das músicas do Adrede está interligado, é como uma reação em cadeia. O baterista Marcelo, por exemplo, imprime uma levada sincrônica com o baixo de Guto, cheio de groove e fundamental na música. Este, por sua vez, também se conecta a outro elemento - os riffs sujos e cadenciados de China. Sobre isso, os dois vocais fazem a sua parte. Xavier tem o seu estilo mais voltado para o Rap, com vocais mais limpos e quase falados. Já Roger, atua direcionado ao Rock, mostrando vocalizações rasgadas, felizmente inteligíveis. Intercalado a eles, está o Dj R3, que se faz presente em intervalos bem dosados e não exagera nos scratches e demais efeitos. Somado às faixas: "Adrede"; "Mídia Urbana"; e a que dá nome ao registro; o disco é engrandecido por uma série de fatores. São eles: a participação especial de Andreas Kisser (Sepultura), que gravou em "O Troco"; o material multimídia bônus (com "Making Off" do disco, e ainda o videoclipe de "Cada Cabeça Uma Sentença"); a arte gráfica do álbum; a produção das músicas; e a invejável embalagem em formato digipack. Um disco de alto nível que está acima da média para uma estréia. Imperdível.

Nota: 8/10
Selo: Z Records
Data de Lançamento: 19/10/2008
Website: www.adrede.com.br/ /
www.myspace.com/adrede

Tracklist:
01. Adrede
02. Aqui Se Faz Aqui Se Paga
03. Cada Cabeça Uma Sentença
04. Em Nome da Sujeira
05. O Troco
06. Atitude Errada
07. Impunidade
08. Mídia Urbana
09. O Corre
10. Deixa Eu Falar
11. Paranóia
12. Jam

sábado, janeiro 03, 2009

Nuestro Sangre - Massacrados pela ganância...Esmagados pela miséria

Contrastando com o aspecto pacato da cidade serrana de Teresópolis, os cariocas do Nuestro Sangre estraçalham a serenidade com o seu audível EP de estréia: "Massacrados pela ganância...Esmagados pela miséria". Não pense que encontrará aqui interlúdios melódicos para amaciar os ouvidos. Os trechos de reportagens presentes no início e no fim do disco servem, no entanto, para enfatizar e dar respaldo "científico" à pancada que se segue. O engajamento político desse quarteto, que está na ativa desde 2006, é reforçado pela sua sonoridade direta, crua e incisiva. Executam uma modalidade de Hardcore que já foi inclusive comparada a de um ícone brasileiro do gênero, o Ratos de Porão. Toda a temática do EP, que, presumivelmente a respeito do seu título, gira em torno de temas correlatos como: opressão policial; intolerância religiosa no Oriente Médio; e falta de liberdade no mundo moderno; é muito bem aproveitada pela poderosa voz de Fábio Vargas, pelas notas ininterruptas da guitarra de Wellington, e pelo bom entrosamento entre o baixo de Bruno e a bateria de Nelson. Em suma, o EP em questão tem um saldo geral positivo. A boa produção das músicas, a eficácia de sua arte gráfica, e o próprio eixo temático adotado pela banda atestaram sua qualidade. O único pecado cometido foi a leve "enchida de lingüiça", na já pequena duração do registro, com os referidos trechos de reportagens. Entretanto, nada que tire o mérito dessa estréia. Recomendável estréia.

Nota: 7/10
Selo: Necrose Musica
Data de Lançamento: 16/08/2008
Website: www.myspace.com/nuestrosangrehc

Tracklist:
01. Corja
02. Fim da Linha
03. Liberdade Manipulada
04. Pay-per-view de Satã

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Hoje Você Morre - Nada É Tão Ruim Que Não Possa Piorar

Hilário, sarcástico, e com uma evidente pitada de humor negro. Estes são alguns dos ingredientes que dignificam o disco de estréia dos baianos do Hoje Você Morre, intitulado "Nada É Tão Ruim Que Não Possa Piorar". Praticantes de um Hardcore metalizado de qualidade, e tendo como influencias o Impaled Nazarene, Sick Of It All, e Helmet, a banda destila agressividade e energia nos econômicos 30 minutos de atividade de seu debut. Tudo começa com riffs ásperos e rápidos, ao melhor estilo Crossover, seguidos da crua afirmação: "Sua única sentença: um dia você morre" (!). Mas apesar da suposta falta de seriedade do projeto, que se poderia deduzir em virtude do conteúdo das letras do disco, esse quarteto soteropolitano não poupou esforços no que tange à produção do álbum. Afinal, não haveria de ser diferente. O baterista da banda é Jera Cravo, um competente produtor musical que esteve por trás de grandes álbuns, como o "Elemental", dos baianos do Cobalto, e do lançamento de estréia da também conterrânea Yun-Fat. A arte gráfica da capa, assinada por Patrick Andrews, tampouco deixa por menos. Mesmo que simples, é eficaz e coerente com a proposta do grupo. Alguns outros destaques podem ser feitos, e se destinam às músicas: "Despotismo"; "Últimos Não Serão Primeiros; e "Só Dói Quando Respiro!". É interessante sublinhar ainda uma curiosidade: a última música, homônima do álbum, contém uma espécie de "faixa escondida", que se trata de um cover de "A Thousand Miles" da artista pop Vanessa Carlton. O resultado disso tudo merece ser conferido, com toda a certeza.

Nota: 8/10
Selo: Atalho Discos
Data de lançamento: 31/08/2008
Website: www.myspace.com/hojevocemorre \
www.fotolog.com/hojevocemorre

Tracklist:
01. Mensagem de Despedida
02. Despotismo
03. A Bebida Entra, A Verdade Sai
04. Esperança
05. Últimos Não Serão Primeiros
06. Modéstia
07. Benevolência
08. Dúvidas
09. Sem Querer Te Fiz Sangrar
10. Só Dói Quando Respiro!
11. Conversa de Bar
12. Nada É Tão Ruim Que Não Possa Piorar