terça-feira, outubro 23, 2007

Ayat Akrass - Como Uma Tela Pintada Com O Nosso Sangue

Para todos os que pensam que o cenário do metal nacional de qualidade se restringe ao Sudeste, principalmente a São Paulo, os curitibanos do Ayat Akrass chegam para convencê-los de que estão enganados. Fazem isso em matadores 38 minutos do belíssimo "Como Uma Tela Pintada Com O Nosso Sangue". Desde a concepção artística do material (capa, encarte e contracapa) ao acabamento das músicas, percebe-se que houve uma preocupação muito nítida em fazer deste disco uma legítima obra de arte. A temática que engloba os ideários da banda só vem confirmar o fato de que não se trata aqui de um grupo qualquer. O Ayat Akrass cita explicitamente que além de nomes consagrados como Napalm Death, Sepultura e Biohazard, faz parte do conjunto de suas influências o legado do inigualável teórico alemão Karl Marx! Devido à postura politicamente engajada da banda, esta assume um patamar quase vanguardista. Já quando acrescentado o seu instrumental nessa análise, nos vemos então diante da iminência de uma revolução do metal moderno. A maturidade sonora atingida pelo quinteto é invejável e surpreendente, pois são apenas quatro os anos de existência da banda. Após a demo "Quando o preço da glória é pago com sangue" (2003) e o EP "Entre Corpos e Cinzas" (2005), o AA exibe agora um trabalho encorpado, denso e impactante, que é de deixar o mais exigente dos ouvintes boquiaberto. Todas as músicas são executadas com uma destreza técnica excepcional. A dupla Edgard Navarro e Marcelo Bacellar esbanja dinamismo e criatividade, Braulio Delai intensifica o peso da música com uma pegada precisa, Andre Cirino dita o andamento das faixas com tanta virtuosidade que chega a roubar a atenção do ouvinte (no ótimo sentido), e Nilo Netto fecha o quinteto mostrando sua vigorosa linearidade vocal (para o nosso deleite). Ainda que seja um álbum todo bom, os destaques vão para "Descaminho", "Entre Corpos e Cinzas: Segundo Ato" e "Agosto Vermelho". Gravado num dos melhores estúdios do país (DaTribo), "Como Uma Tela Pintada Com O Nosso Sangue" se encaminha para se consolidar como um dos discos mais importantes do metal nacional. Vale (literalmente) cada centavo. O feliz comprador ainda leva de brinde o vídeo de "Descaminho".

Nota: 10/10
Selos: Deathtime , Estopim, Firestorm, Fuckitall, União Positiva
Data de lançamento: 01/06/07
Website: www.myspace.com/ayatakrass

Tracklist:
01. Intro
02. Descaminho
03. Entre Corpos e Cinzas: Segundo Ato
04. Amar e Inflamar
05. Catraca
06. Agosto Vermelho
07. Entre Corpos e Cinzas: Primeiro Ato
08. Quadro Negro
09. Entre Corpos e Cinzas: Terceiro Ato
10. Por Outros Tempos



Foo Fighters - Echoes, Silence, Patience & Grace

Inusitado. Certamente inusitado. Creio que muitos, assim como aconteceu comigo, irão se surpreender com "Echoes, Silence, Patience & Grace", o sétimo álbum do Foo Fighters. Na verdade o quarto da banda como um todo, já que o disco debut e seus dois sucessores foram gravados unica e exclusivamente pelo "mil em um" Dave Grohl. Para quem esperava por um disco que seguisse a tradição do que vinha sendo apresentado pelo grupo: surpresa. Já para os que esperavam por uma reviravolta vinda das entranhas da prolífica mente do frontam desses lutadores, eis então um banquete. O cartão de visita vem com "The Pretender", a primeira música de trabalho desse álbum. Pude constatar que a faixa transita por pelo menos 3 ambientações: logo no início surge um dedilhado de guitarra seguido de uma vocalização melosa a lá Oasis; as passagens que intermediam esse prólogo juntamente com o refrão marcam presença no melhor estilo "All My Life" de ser; e perto dos dois minutos e meio, a rapidez e a energia dão uma cessada, cedendo lugar a uma passagem do tipo "batendo palminhas" com direito a um riff extremamente típico dos anos 70! Mais adiante, temos "Long Road to Ruin", uma música mais leve, para relaxar e, por que não, curtir uma sensação de nostalgia? (Vale lembrar que o exemplo só serve para aqueles que já carregam entre 3 e 4, ou até mais que isso, décadas de existência nesse planeta nas costas - nosso boss que vos fale!). Quem já ouviu The Monkeys e The Beach Boys sabe do que estou falando. "Echoes, Silence, Patience & Grace" tem mesmo de tudo, de baladinha praiana perfeita para um lualzinho, como é o caso de "Stranger Things Have Happened", até o instrumental folk de "Ballad of the Beaconsfield Miners". A experiência de fazer um disco duplo, divido em músicas plugadas e desplugadas, seguida da gravação do primeiro acústico da banda fez o pessoal gostar da coisa. Sem dúvida, a harmonia entre os integrantes está muito boa, faltou apenas um pouco mais de versatilidade nas composições.


Nota: 7/10
Selo: RCA
Data de lançamento: 25/09/07
Website: www.foofighters.com/ /
www.myspace.com/foofighters

Tracklist:
1. The Pretender
2. Let It Die
3. Erase/Replace
4. Long Road to Ruin
5. Come Alive
6. Stranger Things Have Happened
7. Cheer Up, Boys (Your Make Up Is Running)
8. Summer's End
9. Ballad of the Beaconsfield Miners
10. Statues
11. But, Honestly
12. Home