Que o Brasil não é, definitivamente, a terra do metal, isso todo mundo já sabe, a noção dessa realidade, todavia, poucos realmente conhecem. Um notório exemplo da falta de aceitação desse estilo no país são os mineiros do Eminence. Largamente conhecidos mundo afora, estão de volta à tona com o seu novo disco, o “The God Of All Mistakes” e prontos para...voltar ao velho mundo. A relação do grupo com a Europa é antiga, e não dá sinais de estar se enfraquecendo. A faceta ruim deste êxodo: trata-se aqui de uma banda de excelência incontestável, mas que por motivos já citados, não tem o merecido espaço para mostrar serviço nas terras brasilis, uma infelicidade para nós nativos. Os benefícios da vida no exterior, por outro lado, levaram a banda a deixar a produção do disco a cargo do dinamarquês Tue Madsen (Mnemic, The Haunted, entre outros). Nesse particular, em entrevista a um programa de TV mineiro, o batera André Marcio conta que o produtor “tirou leite de pedra”. E de fato, o resultado é impressionante. A prova definitiva desse primoroso trabalho é a belíssima "Day 7". E os destaques não páram por aí. "Undermind" e a faixa-título do álbum não deixam por menos e agradam os ouvidos sedentos por vigor e muito peso. Carregado de Death melódico "moderninho" e ainda temperado com boas doses de industrial e Hardcore, o disco está além da mera junção desses estilos, mostrando-se bem dosado e diversificado. Evidenciando uma evolução natural de "Humanology", o Eminence mostrou a que veio em seu novo lançamento, uma obra digna dos deuses do Olimpo. Nota: 9/10
Selo: Locomotiv Records
Data de Lançamento: 21/05/2008
Webiste: www.eminence.com.br/
www.myspace.com/eminenceband
Tracklist:
01. The God Of All Mistakes
02. Resistance
03. Day 7
04. Devil's Boulevard
05. Undermind
06. Injected Lies
07. Written In Dust
08. Snake Beat
09. Stainer
10. Enemy Inside
A flor de Lótus. Fazendo uma breve pesquisa, descobrimos algumas curiosidades a seu respeito: venerada na cultura oriental, a flor é intimamente ligada à espiritualidade, uma vez que a forma como desabrocha (em meio à lama e com pouca água) é relacionada metaforicamente à superação de obstáculos na vida. Lindo, mas o que isso tem a ver com a Cyius? Tudo! Carregando no peito cicatrizes dificílimas de serem sanadas (a morte de dois entes queridos num curto período), os integrantes dessa banda petropolitana demonstraram sábia grandeza ao levantarem a cabeça e seguirem adiante. O resultado dessa superação é "Onde Quer Que Esteja". Por motivos óbvios, o disco é embebido de uma carga emocional vívida e comovente. Assim, o degustador da obra provalvemente vivenciará a rara experiência de sentir arrepios nos braços ao som de "Lótus". A emotividade aqui presente não é tudo: a pluralidade sonora é outro ponto forte. Se por um lado temos "Brisa", que se inicia com uma maravilhosa pitada de bossa nova, por outro lado eis "Cegueira", marcada por distorções cheias e pelos vocais dilacerados de Bruno, da também serrana Itsari. Tecnicamente, o grupo é milimetricamente coeso e harmônico. A cozinha de "Amnésia" é prova da competência desses músicos. Não foi por mero acaso, portanto, que o disco rendeu à banda o prêmio London Burning de música independente na categoria melhor álbum de rock de 2007. Felizmente, o merecido reconhecimento veio à altura de um trabalho que transcende o rock experimental e/ou alternativo, ocupando um patamar acima deste conceito.
SEVERA, gravem esse nome! Isso é Hardcore cunhado sob os moldes da pesada realidade do terceiro mundo. Oriundos de Contagem (Minas Gerais), e com cerca de um ano de existência, o Severa lançou no mês de abril seu primeiro registro - um EP homônimo da banda. Imediatamente após o contato com a faixa inicial ("Perder Para Ganhar"), notamos a personalidade forte e original das composições do grupo. O modo com que alternam os momentos de alta e baixa intensidade, retém a atenção do ouvinte do primeiro ao último segundo da audição e a presença constante de riffs encorpados utilizados em sintonia com breakdowns, cria um dinamismo primoroso no conjunto da obra. As letras conseguem propagar facilmente valores como honestidade e perseverança por estarem escritas em português, e pelo fato de serem inteligíveis. O mérito do alcance desses pontos positivos está na competência de Cidin (bateria), Juninho (baixo), Willian (guitarra), Filipe (guitarra) e Daniel (vocal), por igual. Alguns destaques adicionais merecem ser feitos: as faixas "Minha Guerra" e "Falsas Ilusões"; e o bom trabalho na arte gráfica do álbum. Com efeito, o registro (composto por cinco músicas) é de alto nível - feito admirável em se tratando de um debut de uma banda. Nesse sentido, é importante que os integrantes tenham em mente a necessidade de evolução constante e progressiva do trabalho que realizam. Toda a sorte do mundo ao Severa, essa nova promessa do cenário independente brasileiro.